Nascido Para Matar, de Stanley Kubrick
15 Dezembro 2009, 21h - FEUP B003
Título Original: Full Metal Jacket
EUA, 1987, 116’, M/16
Argumento:
Stanley Kubrick, Gustav
Hasford, Michael Herr
Interpretação:
Matthew Modine, Adam
Baldwin, Vincent D’Onofrio, R. Lee
Ermey ...
Se Saramago inverteu nos seus livros a perspectiva da história, lembrando os feitos históricos como os causadores do sofrimento da classe operária, Kubrick não fez menos nesta grande obra, onde as causas e motivos da guerra são esquecidos para que nos possamos concentrar devidamente naqueles que, inocentemente, são obrigados a fazê-la acontecer. Assim, Kubrick divide o filme em duas partes distintas:
A preparação. Tantas vezes esquecida, parece impossível pensar que esta fase dos acontecimentos pode ser sequer ofensiva, quando pode de facto ser fatal. Kubrick faz questão de nos mostrar como um homem normal passa do seu estado pacífico a um estado em que não só passa a ter como objectivo, como tem o desejo de matar inocentes. Tudo em nome de uma causa desconhecida (nunca durante o filme é referido o porquê), tudo em nome da pátria. “SIR, YES, SIR” O homem deixa de ser homem para ser transformado em máquina, uma máquina de guerra, feita para matar.
Da ilha de treinos ao Vietname. Guerra? A principio não vemos nada... Vemos jornalistas de guerra, treinados como soldados, que por isso proferem sobre a paz “um dia sem sangue é um dia sem sol”. Este filme não se esquece sequer desta parte, pois em guerra, as consequências para quem está de fora, são-nos dadas por estes, cuja felicidade está no extremo oposto da paz. Mas enquanto tudo está bem, nisto a guerra começa de verdade. Deparámo-nos com um cenário de guerra inesperada. Mortes. “Antes tu que eu.” Mortos.
Para que serve toda esta frieza? Para que serve toda esta crueldade? Não interessa. “Sou uma máquina de guerra! Estou num mundo de merda, sim... Mas estou vivo.”
André Duarte