quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Novo blog do cineFEUP

Olá a todos!

Para acompanhar as novas tecnologias, o CineFEUP decidiu migrar a sua informação para outros meios sociais na web.

Assim, para consultar o nosso novo blog, pode dirigir-se a:
www.cinefeup.tumblr.com

Pode também visitar o nosso site em:
www.cinefeup.pt.vu

E seguir-nos no facebook:
facebook.com/cinefeup

Aí encontram todo o tipo de informação, devidamente atualizada.

Bons filmes!

terça-feira, 22 de março de 2011

Gummo, de Harmony Korine


Xenia, Ohio, 1974 - Um tornado abala uma pequena cidade do interior norte-americano, levando tudo com ele. Aparte da devastação facilmente visível que o tempo se encarregou de esconder, há uma outra destruição bem mais grave, a um nível psicológico, na vida destas pessoas. O fim dos interesses, dos objectivos, do significado das suas próprias vidas, torna esta pequena cidade num misto de terceiro mundo com o que se poderia descrever como uma capital do Nihilismo.

Num mundo onde o único sentimento é a atracção sexual, nota-se que a evolução se tornou no seu antónimo, ficando claro um regresso aos instintos primários do ser humano. Vemos delinquência em toda a parte, mesmo pela mão daqueles que, não tendo sofrido a devastação do tornado, sofrem das consequências do ciclo vicioso que este deixou em lugar da sociedade, pelo que filho de lixo, lixo tornar-se-á.

A inversão extende-se ao paradigma humano - a natureza destruiu e o humano interiorizou a nova ordem: destruir é o novo construir. A isto se resume este filme de Harmony Korine, sem história, sem enredo, sem esperança nem objectivos: é o retrato de uma série de vidas condenadas.

Odiado pela crítica, adorado por grandes realizadores como Werner Herzog - que faz questão em destacar a fatia de bacon colada à parede na cena do banho -, Gummo é um dos filmes mais estranhos de sempre e que assegura que quem o vê tem apenas estas duas opções.

André Duarte

domingo, 20 de março de 2011

CineWEIRD

Estranho (adj.): não habitual; desconhecido; esquisito; anormal; espantoso; extraordinário; ... (in Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)

Contaminado pela peculiaridade de realizadores como David Lynch ou Ingmar Bergman, o CineFEUP deixou-se cair na estranheza cinéfila. Durante os próximos tempos, o CineWEIRD (assim o rebaptizou a doença) vai exibir 4 filmes dedicados a esse tão curioso adjectivo:


22/Mar - Gummo, de Harmony Korine (IMDB, trailer)
05/Abr - Mulholland Dr., de David Lynch (IMDB, trailer)
12/Abr - Memento, de Christopher Nolan (IMDB, trailer)
26/Abr - O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman (IMDB, trailer)

Estranhamente, as sessões terão lugar à Terça-feira, pelas 21h, na sala B003 da FEUP.

Podes marcar a tua presença através do Facebook.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Gomorra, de Matteo Garrone

Falar de Mafia é falar de Itália. Mas não é pela Máfia dos Sopranos ou d’O Padrinho que Itália ganha este estatuto desgovernado. Há um outro tipo de Máfia, composta por gente de classes mais baixas, que se vêem obrigadas a criar a sua própria força de ataque, numa Nápoles onde se tem de atacar para não ser atacado. Se a melhor defesa é o ataque, não há forças neutras - ou estás de um lado, ou estás do outro - não há família, não há amigos.

Gomorra apresenta-nos exactamente este tipo de Máfia, um poder mais forte que o Governo, um poder descentralizado, onde tanto é grupo uma família como o são dois rapazes que, condenados por nascer no meio destas forças de constante ataque, se vêem obrigados a criar a sua própria Máfia como forma de fugir ao destino de ser comandado por uma das forças existentes.

O dinheiro está sempre presente no filme. Tudo gira à volta dele. E ele abunda, pelo que nos faz reflectir o seu real valor, ao vermos uma mesa repleta de notas, numa casa semi-abandonada num bairro social em péssimas condições. E se num segundo a mesa abundava de dinheiro, passados uns tiros já estava noutras mãos.

Baseado no livro de Roberto Saviano, este filme é uma referência para um tipo de cinema realista, que corta com os sonhos, com os mitos e de certa forma também com um certo glamour que está associado a esta actividade. É um filme feio, como a história merece.

André Duarte

Tsotsi, de Gavin Hood

“Tsotsi” é um filme baseado no romance do sul-africano Athol Fugard que retrata seis dias da vida de um jovem bandido, David ‘Tsotsi’ (Presley Chweneyagae).

O filme, realizado por Gavin Hood e que ganhou, em 2006, o Óscar para melhor filme estrangeiro, foi rodado em Soweto, nos arredores de Joanesburgo, onde inúmeras barracas velhas e enferrujadas cobrem uma vasta área de terra. E é nestas barracas que assistimos, em flashback, à infância perdida de David e à sua luta pela sobrevivência num meio onde o apoio familiar ou social é escasso, se não mesmo nulo. Após fugir de casa e passar a viver em tubos de construção com outras crianças abandonadas, David tenta esquecer-se do seu passado adoptando o nome de Tsotsi, que na linguagem de rua significa "bandido" ou "vadio. E é isso mesmo que a personagem de Chweneyagae representa, um vadio, um jovem sem nome, sem qualquer tipo de compaixão pelos outros (ou assim somos levados a crer), sem passado, sem planos para o futuro e com planos para o presente que incluem apenas assaltos com o seu gang: Aap (Kenneth Nkosi), o amigo de infância, Butcher (Zenso Ngqobe) e Boston (Mothusi Magano), um jovem que defende os conceitos de “respeito” e “decência".

Tudo parecer mudar para Tsotsi quando encontra uma criança no banco de trás de um carro roubado. Sem avaliar a possibilidade de devolver a criança aos pais, Tsotsi decide tomar conta deste bebé até se aperceber que precisa da ajuda de uma jovem mãe, Miriam (Terry Pheto).

Este é um filme que confronta o espectador com as escolhas e consequências das acções humanas. É um filme controverso na medida em que leva a sentir compaixão (ou até compreensão) por uma personagem tão problemática e, por vezes, violenta. Leva-nos a compreender, mesmo que por breves momentos, as atitudes, indecisões e dúvidas de um jovem ‘tsotsi’.

Carolina Cunha