Two-Legged Horse, de Samira Makhmalbaf
Depois de um acidente com uma mina anti-pessoal, um rapaz afegão perde a mãe e as duas pernas, acabando por, mesmo assim, desenvolver uma grande capacidade de locomoção saltitando pelo chão. Mesmo assim, quando o pai vai de viagem aluga os serviços de um rapaz deficiente para se tornar o transportador do filho.
O que se segue é uma viagem perturbadora à natureza humana, com a malvadez do amo a transformar lentamente o criado num animal, torturando-o, alugando-o a outras crianças para que usufruíssem dele, entre muita mais humilhação.
Premiado com o Prémio do Júri no Festival de San Sebastian, este trabalho da até então desconhecida realizadora iraniana torna-se o reflexo do efeito do poder nas pessoas, e de como este as deforma, mostrando que situações de infortúnio são muitas vezes catalisadores de “ditadorezinhos”, e de como a revolta interior nunca é boa conselheira.
Com a metáfora levada talvez demasiado longe, com a colocação de uma sela no rapaz ou o pregar-lhe de ferraduras, este é no entanto um dos filmes mais importantes vindo daquela região do mundo nos últimos anos.
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