“Tsotsi” é um filme baseado no romance do sul-africano Athol Fugard que retrata seis dias da vida de um jovem bandido, David ‘Tsotsi’ (Presley Chweneyagae).
O filme, realizado por Gavin Hood e que ganhou, em 2006, o Óscar para melhor filme estrangeiro, foi rodado em Soweto, nos arredores de Joanesburgo, onde inúmeras barracas velhas e enferrujadas cobrem uma vasta área de terra. E é nestas barracas que assistimos, em flashback, à infância perdida de David e à sua luta pela sobrevivência num meio onde o apoio familiar ou social é escasso, se não mesmo nulo. Após fugir de casa e passar a viver em tubos de construção com outras crianças abandonadas, David tenta esquecer-se do seu passado adoptando o nome de Tsotsi, que na linguagem de rua significa "bandido" ou "vadio. E é isso mesmo que a personagem de Chweneyagae representa, um vadio, um jovem sem nome, sem qualquer tipo de compaixão pelos outros (ou assim somos levados a crer), sem passado, sem planos para o futuro e com planos para o presente que incluem apenas assaltos com o seu gang: Aap (Kenneth Nkosi), o amigo de infância, Butcher (Zenso Ngqobe) e Boston (Mothusi Magano), um jovem que defende os conceitos de “respeito” e “decência".
Tudo parecer mudar para Tsotsi quando encontra uma criança no banco de trás de um carro roubado. Sem avaliar a possibilidade de devolver a criança aos pais, Tsotsi decide tomar conta deste bebé até se aperceber que precisa da ajuda de uma jovem mãe, Miriam (Terry Pheto).
Este é um filme que confronta o espectador com as escolhas e consequências das acções humanas. É um filme controverso na medida em que leva a sentir compaixão (ou até compreensão) por uma personagem tão problemática e, por vezes, violenta. Leva-nos a compreender, mesmo que por breves momentos, as atitudes, indecisões e dúvidas de um jovem ‘tsotsi’.
Carolina Cunha